Nota Editorial: neste post, apresento um resumo do vídeo "Os Mil Nomes do Amor", que que é conteúdo que pertence ao canal do Youtube da Instituição "Nova Acrópole". A "Nova Acrópole" é uma instituição que admiro profundamente pelo seu trabalho em filosofia e desenvolvimento pessoal, oferece conteúdos valiosos e esclarecedores. Através deste resumo, procuro compartilhar de forma acessível as principais ideias discutidas no vídeo. Agradeço à Nova Acrópole pelo seu empenho em disseminar conhecimento e promover a reflexão, bem como, à Professora Lúcia Helena Galvão, pela generosidade e encanto que deixa por onde passa.
Os Mil Nomes do Amor
A Professora Lúcia Helena Galvão, na sua palestra "Os Mil Nomes do Amor", convida-nos a uma profunda reflexão sobre a vasta gama de formas que o amor pode assumir. Inspirada por um estudo do linguista e psicólogo britânico Tim Lomas, que identificou mais de 600 termos relacionados ao amor em diversas línguas, Lúcia Helena explora como a riqueza de linguagem pode ampliar a nossa capacidade de sentir e expressar amor em toda a sua complexidade.
A Granularidade do Amor
Lúcia Helena começa por explicar o conceito de granularidade emocional, um termo utilizado na psicologia positiva e na linguística, que se refere à capacidade de reconhecer e nomear com precisão as emoções e sentimentos. Quanto mais nuances conseguimos identificar nas nossas emoções, mais profundamente podemos vivê-las. Este conceito é central na obra de Tim Lomas, que argumenta que, ao termos uma linguagem rica para descrever o amor em todas as suas formas, tornamo-nos mais aptos a experienciá-lo em toda a sua profundidade.
A Professora sublinha a importância de reconhecer que o amor não é um sentimento monolítico. Pelo contrário, é multifacetado e manifesta-se de maneiras diversas, dependendo do contexto e das relações. Ela explora 14 formas de amor, inspiradas tanto nas antigas tradições filosóficas quanto nas modernas abordagens psicológicas, oferecendo-nos uma visão mais rica e completa deste sentimento que define a experiência humana.
As 14 Formas de Amor
Eros: Mais conhecido como amor romântico ou sexual, Lúcia Helena redefine Eros como o amor por objetos ou conceitos que despertam em nós admiração e desejo. Este tipo de amor pode ser sentido por uma obra de arte, uma bela construção ou uma ideia inspiradora, que nos eleva e nos reconecta com a beleza da alma.
Meraki: Este termo grego refere-se ao amor pelas atividades e experiências que nos proporcionam prazer e serenidade, como cozinhar, jardinagem ou viajar. É o amor que sentimos por aquilo que fazemos com paixão e que nos ajuda a encontrar paz e equilíbrio.
Chórus: Amor pelo lar, pelo espaço que nos proporciona conforto e segurança. Este sentimento profundo de pertença e bem-estar no nosso ambiente, seja o nosso país ou a nossa casa, é essencial para a nossa estabilidade emocional.
Storge: O amor familiar, puro e incondicional, que não espera nada em troca. É o amor entre pais e filhos, e também pode estender-se aos amigos que se tornam parte da família, oferecendo um vínculo duradouro e seguro.
Philia: O amor da amizade, caracterizado pelo companheirismo e pelo apoio mútuo. Philia é um amor desinteressado, que não envolve desejos carnais, mas sim uma profunda ligação emocional e intelectual.
Philautia: Amor próprio, ou o respeito e cuidado por si mesmo. Este tipo de amor é essencial para mantermos a nossa dignidade e saúde emocional, reconhecendo o valor do nosso próprio ser.
Epithymia: O amor passional e sexual, que é intenso mas frequentemente transitório. Epithymia é a paixão que, se não for sustentada por outros tipos de amor, tende a esgotar-se rapidamente.
Paixnidi: Ternura e afeto, o amor que sentimos por algo ou alguém que desperta em nós uma vontade de cuidar e proteger. Este sentimento é frequentemente associado a animais de estimação ou a seres frágeis e vulneráveis.
Pragma: O amor duradouro e prático, sustentado pelo compromisso e pela vontade de construir uma vida conjunta. Pragma é o amor que sobrevive às flutuações da vida, fundamentado no respeito e na dedicação mútua.
Anankê: Amor à primeira vista, aquele sentimento de que encontramos alguém com quem temos uma ligação profunda e necessária. Este amor é frequentemente associado ao destino e à intuição.
Ágape: O amor altruísta e compassivo, ligado à caridade e ao desejo de fazer o bem. Ágape é o amor devocional, que busca servir e acrescentar valor à vida dos outros.
Koinonia: O amor pelo grupo ou comunidade, que muitas vezes leva ao sacrifício pessoal em prol do bem coletivo. Este amor é o que nos une em torno de uma causa comum e fortalece os laços sociais.
Sévomai: Amor reverencial, o respeito profundo pelo divino ou pelo mistério da vida. Sévomai é a capacidade de reconhecer e servir a uma ordem superior, um amor que transcende o material e se volta para o espiritual.
Mania e Ludus: Lúcia Helena também aborda formas menos saudáveis de amor, como a obsessão (Mania) e o flerte inconsequente (Ludus), que refletem uma imaturidade emocional. Estes tipos de amor mostram o lado mais sombrio da nossa incapacidade de lidar com o afeto de forma equilibrada.
A Escada do Amor de Platão
Inspirando-se em Platão, Lúcia Helena fala-nos da "Scala Amoris", a escada do amor que nos leva desde a admiração por um corpo belo até à contemplação do "Belo em si". Esta escalada espiritual revela que o amor é uma força que nos impulsiona a buscar a perfeição e a beleza, levando-nos a uma união com o divino. À medida que subimos nesta escada, incorporamos as diversas formas de amor descritas por Tim Lomas, culminando numa experiência plena e universal de amor.
O Amor Fati de Nietzsche
Outro conceito abordado na palestra é o "Amor Fati" de Nietzsche, o amor pelo destino. Este tipo de amor representa a aceitação e até mesmo a celebração de tudo o que nos acontece na vida, reconhecendo que cada experiência é necessária para o nosso crescimento e desenvolvimento. Amor Fati é a expressão máxima de confiança na vida e na sua capacidade de nos guiar no caminho certo.
Conclusão: a Arte de Amar
Lúcia Helena conclui a sua palestra incentivando-nos a desenvolver todas as nossas capacidades de amar. Ao conhecermos e praticarmos as diversas formas de amor, tornamo-nos seres humanos mais completos e realizados. O amor, em todas as suas facetas, é a força que nos une ao mundo e aos outros, ajudando-nos a ver a beleza e a divindade em todas as coisas. É, sem dúvida, uma arte que precisamos de cultivar e aperfeiçoar ao longo da vida.